Quaresma, na tradição cristã, é período de conversão e
autorreflexão. São 40 dias dedicados à oração, ao jejum, à partilha do pão e à
conversão pela revisão de nossas práticas e posturas diante da vida, do Planeta
e das pessoas.
É a prática da contrição, isto é, o momento de
arrependimento dos pecados cometidos e o reconhecimento de que esses pecados
são uma ofensa ao Deus amor. A contrição não tem relação com o medo de ser
castigado por Deus, mas é resultado da graça de Deus, que nos permite o reconhecimento
de nossos pecados e o sincero arrependimento, Deus nos perdoa porque é amor
misericordioso. (CF 21, n. 13))
Quem deseja chegar ao seu destino, precisa saber claramente
por onde avançar.
As sinalizações claras, mesmo que vez por outra indiquem caminhos
um pouco mais estreitos e difíceis, o ajudará a chegar. Certamente, fugirá dos
caminhos que, embora amplos e cômodos, não conduzem a lugar nenhum... ou o
desviem da sua meta ou até o levam a um precipício, que o façam cair bem longe
do seu destino.
Assim na vida do cristão é necessário ter sinalizações
claras e verdadeiras do caminho que deve seguir: o caminho que leva ao encontro
de Jesus Cristo.
O Profeta Isaías adverte ao povo de Sodoma e Gomorra, cujos
caminhos estavam muito longe de Deus:
“Ouçam a palavra do
Senhor, magistrados de Sodoma, prestem ouvidos ao ensinamento do nosso Deus,
povo de Gomorra. Lavem-se, purifiquem-se. Tirem a maldade de suas ações de
minha frente. Deixem de fazer o mal! Aprendam a fazer o bem! Procurem o
direito, corrijam o opressor. Julguem a causa do órfão, defendam a viúva. Venham,
debatamos — diz o Senhor. Ainda que seus pecados sejam como púrpura,
tornar-se-ão brancos como a neve. Se forem vermelhos como o carmesim,
tornar-se-ão como lã. Se consentirem em obedecer, comerão as coisas boas da
terra. Mas se recusarem e se rebelarem, pela espada serão devorados, porque a
boca do Senhor falou!” (Is 1,10.16-20)
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 49)
— A todos que procedem retamente,
eu mostrarei a salvação que vem de
Deus.
É preciso ter o máximo de interesse em formar bem a nossa
consciência, pois é a luz que nos faz distinguir o bem do mal, e que nos leva a
pedir perdão e a recuperar o caminho do bem, se o tivermos perdido.
Um dos meios que a Igreja nos oferece é a leitura e estudo
das Sagradas Escrituras e dos documentos da Igreja. Mas a responsabilidade de
bem aproveitá-los é nossa.
Necessitamos de luz e critério para nós e para os que estão
ao nosso lado. É muito grande a nossa responsabilidade. O cristão é colocado
por Deus como tocha que ilumina os passos dos outros em direção a Deus. Devemos
formar-nos “com vistas a essa avalanche de gente que se jogará sobre nós, com a
pergunta precisa e exigente: «Bom, o que há que fazer?»” Os filhos, os
parentes, os colegas, os amigos reparam no nosso comportamento, e nós temos
obrigação de levá-los a Deus. E para que o guia de cegos não seja também cego,
não basta que saiba das coisas “meio por cima”, por palpites; para conduzirmos
os nossos amigos e parentes a Deus, não nos basta um conhecimento vago e
superficial do caminho; é necessário que o percorramos, isto é, que nos
relacionemos com o Senhor, que conheçamos cada vez mais profundamente a sua
doutrina, que travemos uma luta concreta contra os nossos defeitos; numa
palavra: que caminhemos na frente na nossa luta interior e no exemplo; que
sejamos exemplares na profissão, na família... “Quem tem a missão de dizer
coisas grandes – diz São Gregório Magno –, está igualmente obrigado a
praticá-las”. E só se as praticar é que as suas palavras serão eficazes.
A fecundidade do
nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar
pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial, a
vida dos mais vulneráveis. . (parte da mensagem que o Papa
Francisco enviou aos fiéis brasileiros na abertura da CF 21)
A conversão ao diálogo e ao compromisso de amor
Existe, em alguns segmentos, uma tendência
de perceber a conversão a Jesus Cristo como um momento mágico na vida,
caracterizado por profunda transformação instantânea no modo de ser e estar no
mundo. Embora essas experiências sejam importantes e valiosas, é necessário
observar que a conversão é um processo permanente e diário. A conversão nos
provoca a pensarmos e repensarmos cotidianamente nossa forma de estar no mundo.
Ela nos pergunta sobre como nos envolvemos com as transformações sociais, econômicas,
espirituais, ecológicas, individuais e coletivas, a fim de que sejamos, cada
vez mais coerentes com os ensinamentos de Jesus nos Evangelhos. (CF 21 n.8)
ORAÇÃO
Coloquemo-nos diante de Jesus na cruz, no Calvário, e diante
deste amor sacrifício sublime façamos um exame de consciência:
1 - Tenho uma prática de contrição? Examino meu proceder e
me arrependo das falhas e erros cometidos? Reconheço que esses pecados são uma
ofensa ao Deus amor?
2 - O que me ajuda a progredir na minha formação doutrinal
de acordo com a minha idade e cultura? (Tenho um plano de leituras, tenho um
orientador espiritual?)
3 - Conheço as indicações do Magistério da Igreja, para
poder ser fiel? Tenho consciência que nelas encontro a luz da verdade que me há
de guiar no meio das opiniões contraditórias com que deparo em matéria de fé,
de doutrina social etc.?
4 - Renovo com frequência a intenção com que trabalho? Tenho
consciência desta intenção? Porque muitas vezes fazemos as nossas tarefas sem
nos darmos conta de que intenção há por trás. Faço por fazer? Faço por
obrigação? Faço porque os outros fazem? Qual o sentido que dou ao trabalho que
faço? Ofereço tudo o que faço a Deus?
5 - Dou-me conta de que tendemos a procurar o aplauso, a
vaidade, o louvor naquilo que fazemos, e que por essa fresta entra muitas vezes
a deformação da consciência?
6 - Procuro olhar para Jesus e seguir o seu exemplo? Cristo,
quando quis ensinar aos seus discípulos como deveriam praticar o espírito de
serviço, cingiu-se com uma toalha e lavou-lhes os pés (Jo 13, 15).
7 - Estamos dispostos seriamente a cumprir, em tudo, a
vontade do nosso Pai-Deus? Demos ao Senhor o nosso coração inteiro, ou continuamos
apegados a nós mesmos, aos nossos interesses, à nossa comodidade, ao nosso amor-próprio?
Há em nós alguma coisa que não corresponda à nossa condição de cristãos e que
nos impeça de nos purificarmos?
Pedimos perdão ao Senhor por
esquecer da contrição e não fazer um exame de consciência diário. Perdão,
Senhor.
Pedimos perdão ao Senhor por não
buscar aprofundar os fundamentos de nossa fé. Perdão, Senhor.
Pedimos perdão por esquecer tantas
vezes de oferecer tudo o que fazemos a Jesus. Perdão, Senhor.
Pedimos perdão por não nos
esforçarmos mais para olhar para Jesus e seguir o seu exemplo. Perdão, Senhor.
Por que motivos temos ainda que pedir perdão ao Senhor?
Sabemos que o Senhor acolhe o nosso pedido de perdão com
muito amor. Que este perdão, sinal do seu grande amor por nós, nos leve a
querer crescer cada vez mais em fé, esperança e caridade! Principalmente neste
tempo de Quaresma.
“Queremos
que a Quaresma nos inquiete com uma “PAZ que luta pela PAZ!
A
PAZ que nos sacode com a urgência do Reino.
A
PAZ que invade, com o vento do Espírito, a rotina e o medo, o sossego das
praias e a oração de refúgio.
A
PAZ das armas rotas na derrota das armas.
A
PAZ do pão da fome de justiça, a PAZ da liberdade conquistada, a PAZ que se faz
‘nossa’, sem cercas nem fronteiras.
Que
é tanto ‘Shalom’ como ‘Salam’, perdão, retorno, abraço...
Dá-nos
a tua PAZ, Senhor, essa PAZ marginal que soletra em Belém e agoniza na Cruz e
triunfa na Páscoa”. (CF 21, n. 15)
Pedimos também, neste tempo de pandemia: Jesus cuida de nós,
que nos confiamos a ti! Livra-nos deste vírus que nos atormenta, nos adoece e
por vezes, nos tira a vida. Mas livra-nos também de outros tipos de vírus:
“Livra-nos
do vírus do desânimo que nos retira a fortaleza de alma com que melhor se
enfrentam as horas difíceis.
Livra-nos
do vírus do pessimismo, pois não nos deixa ver que, se não pudermos abrir a
porta, temos ainda possibilidade de abrir janelas.
Livra-nos
do vírus do isolamento interior que desagrega, pois o mundo continua a ser uma
comunidade viva.
Livra-nos
do vírus do individualismo que faz crescer as muralhas, mas explode em nosso
redor todas as pontes.
Livra-nos
do vírus da comunicação vazia em doses massivas, pois essa se sobrepõe à
verdade das palavras que nos chegam do silêncio.
Livra-nos
do vírus da impotência, pois uma das coisas mais urgentes a aprender é o poder
da nossa vulnerabilidade.
Livra-nos,
Senhor, do vírus das noites sem fim, pois não deixas de recordar que tu mesmo
nos colocaste como sentinelas da aurora” (CF 21)
O Senhor Jesus,
que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o
pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. (parte da mensagem que o Papa
Francisco enviou aos fiéis brasileiros na abertura da CF 21)
Confiemos na vitória!
Confiemos na força e poder de nosso Deus!
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