COMO
MARIA VIVEU O SILÊNCIO
Inspirados
pelas meditações de Frei Ignacio
Larrañaga, José Eymard,
Francisco Fernández Carvajal e
o Papa Francisco sobre o silêncio de Maria.
O Silêncio resume Maria. Sua vida foi quietude e
paz. Não só uma paz acomodada, mas uma autêntica paz inquieta. Estava preparada
para ouvir a Voz do Criador. Por isso seu eco foi tão perfeito. A canção de
Maria ultrapassou as palavras e tornou-se pessoa: "E o verbo se fez
carne... "(Jo 1,14). (Francisco Fernández Carvajal)
"[..] Maria aparece nos Evangelhos como
uma mulher silenciosa, que muitas vezes não compreende tudo o que acontece ao
seu redor, mas que medita cada palavra e cada acontecimento em seu coração.
Esta é uma bela amostra da psicologia de
Maria: não é uma mulher que deprime frente às incertezas da vida, especialmente
quando nada parece estar indo no caminho certo. Nem é uma mulher que protesta
violentamente, batendo no destino da vida, que muitas vezes revela uma face
hostil.
Em vez disso, é uma mulher de escuta: não se
esqueça de que há sempre uma grande relação entre a esperança e a escuta. Maria
é uma mulher que escuta. Maria saúda a existência como ela é entregue a nós,
com seus dias felizes, mas também com a suas tragédias [..]."
(Papa Francisco na catequese de 10/05/2017)
Vamos
aprender com Maria a viver a quietude e a paz inquieta?
1-
Silenciosa e escondida
Este é o
silêncio da total disponibilidade à Vontade
de Deus.
“No Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria, São
Luís de Montfort nos leva a Nazaré a encontrar uma jovenzinha escondida. Não
com medo, mas reservada, delicada e simples. Era Maria. São Luís afirma que
nem os anjos conheciam essa mulher. O silêncio dela era do agrado de Deus e
pela sua humildade foi escolhida para tão perfeita missão: mãe de Jesus.
Maria oferece o seu coração e o seu ventre que são como um paraíso na terra
para a chegada do seu Filho ao mundo. No seio de Maria tudo é
inocência, candor, limpeza, Aí não tinha lugar para o tentador.”[i]
Maria nos ensina, neste silêncio da Encarnação, a ser sempre disponível
à Vontade de Deus e a deixar que Deus guie a nossa vida, mostrando-nos o
caminho a seguir.
Hoje, fazemos
muito barulho! Não sabemos ficar em silêncio. Fazemos barulhos pelas redes sociais,
pelo nosso ego, pelo desejo de sermos destaques, pelo medo de vermos descoberto
o nosso verdadeiro “eu”. Isto nos impede de gerar Cristo em nós.
Através do silêncio da Virgem, o Verbo encarnado se gerou. Mas em
nós, pelo barulho que fazemos, são deixados de lado os ensinamentos do mesmo
Verbo.
2-
Silenciosa e confiante
O silêncio da confiança.
Maria não
contou a José sobre a gravidez. E nem a Isabel. A Palavra nos conta que José percebendo a gestação quis abandonar Maria
em segredo. Certamente Maria orou muito. Abandonou-se em Deus e confiou.
E José, por sonho, acreditou.
A Bíblia
também narra que Maria mal tinha chegado à casa de Isabel e já foi saudada por
sua prima. Como Isabel sabia? Nossa Senhora
não saiu divulgando a todos, mas pelo seu silêncio e jeito meigo tornou-se
bendita.
Precisamos aprender a maturidade do silêncio que
nos faz acolher a vontade de Deus e obedecê-la.
Sabe aquela
expressão, “falou pouco, mas falou bonito”? Encaixa
perfeitamente a Maria. Quando abriu a boca cantou o Magnificat em
gratidão ao Amor de Deus. Tem gente que quer enfeitar tanto sua fala que mais “enche linguiça” do
que toca no coração das pessoas.
Maria ensina a usar os lábios para o
bem e não para aparecer, se projetar, ser aprovado...
3 – Silenciosa e pobre
O silêncio do
Nascimento do seu Filho. Este é o silêncio da pobreza.
Pobreza que por
parte de Deus quis nascer num lugar pobre, frio, úmido, desprovido de qualquer
conforto. Por outra parte é o silêncio da parte de Maria que não tinha outra
coisa mais para oferecer ao seu Filho senão a riqueza da sua fé e do seu seio
virginal.
Como Maria posso aprender a viver neste mundo
desprendido das coisas materiais para entregar-me mais plenamente ao amor de
Deus e usá-las tanto quanto me ajudem a alcançar o fim pelo qual fui criado.
4 – Silenciosa e simples.
O
silêncio de Nazaré. Este é o silêncio da simplicidade, da
humildade profunda tanto da parte de Deus que se faz criança anônima e
desconhecida, como também de Maria que sendo a Mãe de Deus se comporta como uma
humilde serva de todos.
Encarando com
sentido sobrenatural os pequenos e grandes incidentes da sua vida, santificou
“as coisas mais pequenas, aquelas que muitos consideram erroneamente como
intranscendentes e sem valor: o trabalho de cada dia, os pormenores de atenção
com as pessoas queridas, as conversas e visitas por motivos de parentesco ou de
amizade.
Como Maria posso aprender a ser mais serviçal
vivendo em cada momento com simplicidade, valorizando cada coisa, de modo
extraordinário a minha vida diária.
5 – Silenciosa e desprendida
O
silêncio da Vida Pública de Jesus. Este é o silêncio do desprendimento,
inclusive do seu próprio Filho.
Maria em nenhum
momento exigiu o seu direito de Mãe. Ainda que sofresse pela separação durante
a vida pública de Cristo, nunca pôs qualquer impedimento a sua Missão porque
foi para esta Missão que veio ao mundo o nosso Salvador.
Como Maria posso aprender a desprender-me até
mesmo das pessoas que mais amo neste mundo para que elas também possam crescer
e cumprir a Missão que Deus desde toda eternidade lhes tem confiado.
6
- Silenciosa e perceptiva
O
silêncio da atenção para com os outros.
Em Caná,
Maria interveio para o primeiro milagre de Jesus. Nossa Senhora estava em um lugar barulhento. Era uma festa! Tinha
música, conversas... E ela estava se divertindo, porém o fruto de uma vida
regrada pelo silêncio fez Nossa Senhora perceber o drama dos noivos com o vinho
que iria acabar.
Em muitas
situações a agitação nos domina e não
percebemos os necessitados e sofredores ao nosso lado.
Que possamos estar atentos às necessidades das pessoas a nossa volta,
como Maria o fazia.
7-
Silenciosa e paciente
O
silêncio da Cruz. Este é o silêncio da capacidade de sofrimento, de um sofrimento
redentor. Ninguém gosta de sofrer e Maria tampouco buscou o sofrimento. Maria
apenas aceitou humildemente este desafio por amor ao seu Filho que quis em todo
momento fazer a Vontade do seu Pai e a Vontade do seu Pai é que todos os homens
se salvem.
Aos pés da
Cruz, diante da dor de ver seu filho morrendo, Maria poderia se desesperar. A dor era imensa, mas seu silêncio ajudava a cicatrizar as feridas. O
seu silêncio de aceitação e confiança, permitiu a troca de olhares com seu
Filho Jesus, que deu a Ele, tanta força e consolo.
Contemplando‑a ao pé do Filho
agonizante, compreende‑se que “acreditar quer dizer «abandonar‑se»
à própria verdade da palavra do Deus vivo, sabendo e reconhecendo humildemente
«até que ponto são insondáveis os seus desígnios e imperscrutáveis
os seus caminhos (Rm 11, 33). Maria, que pela eterna vontade do Altíssimo veio a
encontrar‑se, por assim dizer, no próprio centro daqueles «caminhos
imperscrutáveis» e daqueles «desígnios insondáveis» de Deus, conforma‑se com eles
na penumbra da fé, aceitando plenamente e com o coração aberto tudo o que é
disposição divina”. (Francisco
Fernández Carvajal)
Em nossas dores precisamos silenciar. A agitação no momento da Cruz só
aumenta as feridas e nada resolve. Assim como nos momentos de raiva. Agir
com a cabeça quente mais machuca do que cura.
Aprendemos
com Maria o que significa “abandonar‑se» à
própria verdade da palavra do Deus vivo, sabendo e reconhecendo humildemente
«até que ponto são insondáveis os seus desígnios e imperscrutáveis
os seus caminhos.”
Maria soube dar um sentido de redenção ao seu
sofrimento e esta é a maior lição que ela nos dá.
8 - Silenciosa e solícita
O silêncio da escuta amorosa.
Quem é
silencioso sabe escutar e oferece os
ouvidos para quem quer desabafar. Maria é refém dos nossos pedidos. Fica
à espera de nossas orações e confianças.
Aprendamos com Ela a ser atenciosos, oferecendo nossos ouvidos com amor,
mesmo que seja para um simples desabafo.
9
- Silenciosa e advogada
O silêncio
dos méritos.
Os advogados
precisam de muitos argumentos para defender seus clientes. Maria é tão bendita e formosa para Deus que uma palavra já basta para
nos salvar. Ela é
advogada e mãe de misericórdia. Quando a mãe fala o filho obedece!
Recorramos à Maria, quando quisermos pedir algo ao seu Filho Jesus!
|
da confiança.
da pobreza.
da simplicidade
da escuta amoros
da capacidade de sofrimento
da escuta amorosa
dos méritos
Oração à Nossa Senhora do Silêncio
(Frei Ignacio
Larrañaga)
Mãe do Silêncio
e da Humildade,
tu vives perdida e encontrada no mar sem fundo do Mistério do Senhor.
Tu és disponibilidade e receptividade.
Tu és fecundidade e plenitude.
Tu és atenção e solicitude pelos irmãos.
Estás revestida de fortaleza.
Resplandecem em ti a maturidade humana e a elegância espiritual.
És senhora de ti mesma antes de ser nossa Senhora.
Em ti não existe dispersão.
Em um ato de simples e total, tua alma, toda imóvel, está paralisada e
identificada com o Senhor.
Estás dentro de Deus, e Deus dentro de ti.
O Mistério total te envolve e te penetra e te possui, ocupa e entrega todo o
teu ser.
Parece que em ti tudo ficou parado, tudo se identificou
contigo:
o tempo, o espaço, a palavra, a música,
o silêncio, a mulher, Deus.
Tudo ficou assumido em ti, e divinizado.
Jamais se viu figura humana de tamanha doçura,
se voltará a ver nesta terra uma mulher tão inefavelmente evocadora.
Entretanto, teu silêncio não é a ausência, mas presença.
Estás abismada no Senhor e ao mesmo tempo atenta aos irmãos, como em Caná.
A comunicação nunca é tão profunda como quando não se diz nada,
o silêncio nunca é tão eloquente como quando nada se comunica.
Faze-nos compreender que o silêncio não é desinteressante pelos irmãos,
mas fonte de energia e de irradiação, não é encolhimento mas projeção.
Faz-nos compreender que, para derramar, é preciso preencher-se.
Afoga-se o mundo no mar da dispersão, e não é possível amar os irmãos com um
coração disperso.
Faze-nos compreender que o apostolado, sem silêncio, é alienação, e que o
silêncio, sem apostolado, é comodidade.
Envolve-nos em teu manto de silêncio e comunica-nos a fortaleza de tua fé, a
altura de tua Esperança e a profundidade de teu Amor.
Fica com os que ficam e vem com os que partem.
Ó Mãe Admirável do Silêncio!
Amém.
A BÊNÇÃO
Assim como uma
bela flor necessita de luz, água e de uma terra fértil para viver, do mesmo
modo o homem necessita da luz da fé, da água do batismo e da fertilidade do
silêncio para ser um autêntico cristão como Maria.
Que Maria conceda
a cada um dos seus filhos
a virtude do silêncio
para poder
escutar a voz de Deus
que fala ao
coração de cada homem
e que revela a
cada homem
o verdadeiro
sentido da vida.
Pela intercessão
de Nossa Senhora do Silêncio, recebamos a bênção do nosso Pai de Misericórdia:
- Em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo. Amém.
[i] (José
Eymard, apresentador da TV Aparecida, atualmente à frente do programa Igreja
em Saída.)
Texto elaborado através das meditações de José
Eymard, Frei Ignacio Larrañaga e Francisco Fernández Carvajal sobre o silêncio de
Maria.
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