LEITURA
BÍBLICA de Jo 15,18-21
“Se o
mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós. Se fôsseis do mundo,
o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do
mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos
disse: O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também vos
hão de perseguir. Se guardaram a minha palavra, hão de guardar também a vossa.
Mas vos farão tudo isso por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que
me enviou.
MEDITAÇÃO
(Adaptado do
Livro A IMITAÇÃO DE CRISTO
LIVRO SEGUNDO – CAPÍTULO 48)
DO DIA DA
ETERNIDADE E DAS ANGÚSTIAS DESTA VIDA
Senhor, a imagem do céu nos enche de paz e desejo de já estar lá.
Queremos o
céu, queremos a morada que preparaste para nós. Nossa alma já se alegra, pensando na bem-aventurança que
viveremos quanto lá chegarmos.
Tua mãe nos
revelou que é preciso desejar o céu. Nós queremos o céu, Senhor!
Sabem os
cidadãos do céu quão ditoso é aquele dia; sentem os desterrados filhos de Eva
quão triste e amargo é este da vida presente.
Muitas vezes,
para nós, os dias deste tempo parecem curtos e maus, cheios de dores e
angústias. Neles se vê o homem manchado de muitos pecados, enredado de muitas
paixões, angustiado de muitos temores, inquietado com muitos cuidados,
distraído com muitas curiosidades, emaranhado em muitas vaidades, cercado de
muitos erros, oprimido de muitos trabalhos, acossado por tentações, enervado
pelas delícias, atormentado pela penúria.
E minha alma
anseia por ti, Senhor e se pergunta quando chegará o fim de todos estes males.
Quando me verei livre da escravidão dos vícios? Quando pensarei apenas em ti,
Senhor? Quando me alegrarei plenamente em ti? Quando viverei em liberdade
completa, sem obstáculos, sem aflição na alma ou no corpo? Quando desfrutarei
de uma paz sólida e estável, interna e externa, sem perturbações?
Ó bom Jesus, quando estarei diante de ti para te ver? Quando contemplarei a
glória do teu reino? Quando serás tudo para mim em todas as coisas?
Oh! Quando estarei contigo no reino que
preparaste desde a eternidade para aqueles que te amam?
Pobre e
exilado estou, em terra de inimigos, onde há guerras contínuas e misérias
extremas!
Consola-me
no meu exílio, alivia a minha dor, pois todo o meu desejo dirige-se a ti. Tudo
o que o mundo oferece como consolo é tormento para mim. Quero sentir a tua
presença intimamente, mas não consigo. Quero dedicar-me às coisas celestiais,
mas as coisas temporais e as paixões não controladas me abatem.
Com o
espírito desejo elevar-me acima de tudo, mas a carne me obriga a sujeitar-me a
elas contra a minha vontade. Assim, eu, pobre homem, luto comigo mesmo e
"sou um peso para mim" (Jó 7,20), pois o espírito aspira às alturas,
mas a carne às baixezas.
Oh! Quanto
sofro interiormente quando, ao meditar nas coisas celestes, uma multidão de
pensamentos carnais vem perturbar a minha oração!
Meu Deus, na
tua ira, não te afastes do teu servo! (Sl 26,9).
Lança teus
raios e dissipa esses pensamentos! (Sl 143,6).
Despede tuas
flechas, e todos esses fantasmas do inimigo desaparecerão.
Concentra em
ti os meus sentidos, Senhor, e ajuda-me a esquecer as coisas mundanas; concede-me
a graça de repelir e desprezar todas as tentações do pecado.
Socorre-me,
Verdade eterna, para que nenhuma vaidade me seduza.
Vem, doçura
celestial, e afasta toda impureza.
Perdoa-me,
pela vossa misericórdia, pelas vezes em que, na oração, me distraio e penso em
outras coisas.
Confesso sinceramente que sou frequentemente
distraído. Muitas vezes, meu corpo está presente, mas minha mente está onde
meus pensamentos me levam, onde está o que amo. Penso facilmente no que me traz
prazer ou que estou acostumado a gostar.
Por isso
vós, Verdade eterna, disseste claramente:
Onde está
teu tesouro, aí se acha também teu coração (Mt 6,21).
Se amo o
céu, gosto de pensar nas coisas celestiais. Se amo o mundo, alegro-me com seus
deleites e entristeço-me com suas adversidades. Se amo a carne, com gosto me
ocupo dos pensamentos carnais. Se amo o espírito, deleita-me o pensar nas
coisas espirituais. Porque, seja qual for o objeto do meu amor, dele falo e
ouço falar com gosto e trago comigo a sua imagem.
Mas
bem-aventurado o homem que por amor de ti, Senhor, abre mão de todas as
criaturas, faz violência à natureza e crucifica a concupiscência da carne com o
fervor do espírito, para, de consciência serena, oferecer-te uma oração pura e,
desprendido interior e exteriormente de tudo que é terreno, merecer entrar no
coro dos anjos.
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